segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Estrutura do ouvido humano


O ouvido humano é constituído por três partes – ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno.
Cada uma dessas partes tem uma função específica na interpretação dos sons.
Para compreender a função de cada órgão, é fundamental perceber como se processa a informação sonora.


O ouvido externo recolhe os sons e envia-os pelo canal auditivo até ao ouvido médio.
Neste momento, os sons fazem vibrar o tímpano. Aquando a vibração do tímpano, os ossículos (os três ossos mais pequenos do corpo humano denominados martelo, bigorna e estribo) entram em movimento, transportando a informação por acção mecânica até ao ouvido interno.
No ouvido interno estão situados a cóclea, os canais semicirculares e o nervo auditivo.
O fluido nos ductos da cóclea move-se em resposta à energia mecânica enviada pelos ossículos. De seguida, pequenos capilares da cóclea convertem a energia mecânica em impulsos eléctricos transmitidos pelos neurónios ao longo do nervo auditivo até ao cérebro.
A trompa de eustáquio é um canal que permite que a cavidade do tímpano fique cheia de ar, equilibrando desta forma a pressão atmosférica no ouvido médio.
O martelo está ligado à bigorna através de pequenos ligamentos, que faz com que a bigorna se mova sempre que o martelo se mover, agindo assim como uma alavanca. A outra extremidade da bigorna está ligada ao cabo do estribo e a platina do estribo ligada à extremidade da cóclea.

Tipos de deficiência Auditiva

• DEFICIÊNCIA AUDITIVA CONDUTIVA: Qualquer interferência na transmissão mecânica do som desde o ouvido externo até ao ouvido interno (cóclea). A orelha interna tem capacidade de funcionamento normal mas não é estimulada pela vibração sonora. Esta estimulação poderá ocorrer com o aumento da intensidade do estímulo sonoro. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico.


DEFICIÊNCIA AUDITIVA SENSÓRIO-NEURAL: Ocorre quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da cóclea ou do nervo auditivo. Os limiares por condução óssea e por condução aérea, alterados, são aproximadamente iguais. A diferenciação entre as lesões das células ciliadas da cóclea e do nervo auditivo só pode ser feita através de métodos especiais de avaliação auditiva. Este tipo de deficiência auditiva é irreversível.


• DEFICIÊNCIA AUDITIVA MISTA: Ocorre quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea.

• DEFICIÊNCIA AUDITIVA CENTRAL, DISFUNÇÃO AUDITIVA CENTRAL OU SURDEZ CENTRAL: Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (Sistema Nervoso Central).

História dos Surdos em Portugal

A história dos surdos em Portugal divide-se em três períodos: metodologias gestuais com suporte na escrita; metodologias oralistas e implementação e desenvolvimento do Modelo de Educação Bilingue para Surdos.
O primeiro período, denominado como metodologias gestuais com suporte na escrita decorre entre 1823 a 1905. A pedido da filha de D.Isabel Maria foi criado pelo professor Per Aron Borg, em Lisboa, o primeiro instituto de “surdos-mudos”, mantendo-se aberto depois de muitas controvérsias até 1860. Passados dez anos o Padre Pedro Maria Aguiar fundou em Guimarães um instituto com o mesmo propósito, mas com a sua morte o sobrinho, Eliseu Aguiar levou o instituto para o Porto. Mas, a câmara de Lisboa convidou Eliseu Aguiar para ocupar o lugar de director do instituto para “surdos-mudos” que fora criado, extinguindo o instituto do Porto. Estes institutos aceitavam surdos dos dois sexos, podendo ter um regime interno ou semi-interno. Mas, devido a más irregularidades praticadas pelo Eliseu Aguiar, o instituto passou a ser chefiado por João José Teixeira e de seguida por Miranda de Barros. Mais tarde, a câmara de Lisboa faz a separação dos sexos do instituto. No Porto com a extinção do instituto, a cidade ficou sem escola para o ensino dos surdos. Sendo só mais tarde que é inaugurado o Instituto por José Rodrigues Araújo Porto. Com a separação dos sexos do instituto e da passagem de um lugar provisório para um edifício próprio o instituto passou a denominar-se de Instituto de Araújo Porto, como homenagem ao seu criador. As metodologias utilizadas eram: entre 1823 e 1828, a comunicação entre aluno e professor era baseada no método gestual e na dactitologia (alfabeto manual), os surdos deveriam ter acesso à leitura e à escrita e a uma profissão que proporcionasse a sua autonomia; entre 1891 e 1892, o professor Miranda de Barros começou a utilizar os métodos oralistas opondo-se à língua gestual; por volta de 1900 há a introdução do método oralista por Luís António Rodrigues e Nicolau Pavão de Sousa que regressaram de Paris para irem para o Instituto Araújo Porto.
O segundo período, denominado como Metodologias oralistas: método oral, método materno-reflexivo e método verbotonal decorre entre 1906 e 1991. O instituto de “surdos-mudos” passou a chamar-se Instituto de “surdos-mudos” Jacob Rodrigues Pereira (IJRP). Mas, o seu funcionamento começou a ressentir-se devido à quantidade de asilos municipais que havia. Em 1942, iniciou-se a remodelação do IJRP, sendo as suas alunas transferidas para congregações religiosas e mais tarde para o Instituto de Surdos Araújo Porto. Em 1950, o Provedor Campus Tavares representou Portugal num congresso dos Países Baixos aonde discutiam os métodos modernos do ensino de surdos. E, mais tarde participou em outro congresso que se realizou em Roma. Com estes congressos, em 1952 criou a Associação Portuguesa para o progresso do ensino de surdos e enviou o professor António Amaral para Manchester para se especializar no ensino de surdos. Em 1963, a designação “surdo-mudo” começa a desaparecer. Em 1979 foi criado um centro de diagnóstico e despiste da surdez com o objectivo de ajudar os pais e crianças no melhor encaminhamento. As metodologias utilizadas eram: método natural (o treino auditivo e da fala eram feitos de forma natural); método materno-reflexivo (a criança na fase pré-linguística pode aprender a falar uma língua materna pelo meio oral) e método verbotonal (defende que a função da língua é a expressão do significado através do som).
O terceiro período, denominado por modelo de Educação Bilingue decorre de 1992 até aos dias de hoje.Com o estudo da eficácia do método oral era necessário a utilização de uma outra metodologia, isto é, o método bilingue. Baseava-se no ensino de surdos, com base na LGP sendo a primeira língua de surdos. Em 1993/94 no IJRP foram apresentadas algumas linhas de orientação na intervenção educativa em que constava que o processo de reabilitação é um processo sequencial que vai desde o diagnóstico até à sociabilização e que este processo implicava a intervenção de uma equipa multidisciplinar. Atendendo à criança surda, este processo implica um projecto educativo individual, reconhecendo a língua gestual portuguesa como a língua materna da criança com surdez profunda e que este deve-se inserir no Bilinguismo.

O bilinguismo assenta no ensino pela língua natural (LG), para que os todos os alunos tenham acesso à informação pela língua que têm mais significantes para si. Assim as crianças surdas podem ser tão desenvolvidas como as crianças ouvintes, podendo exigir-se o mesmo e ambos.
Este método de ensino também se caracteriza pela existência de um educador surdo, que serviria de exemplo para as crianças, proporcionando que as crianças criem uma imagem própria positiva, pois têm a imagem de um adulto com sucesso e portado de surdez.
Este método de ensino é mais evidente nas escolas de referência, onde a população surda em maior numero. Estas escolas de referência são “especialistas” na educação de surdos, tendo um grande numero de educadores surdos e uma equipa multidisciplinar, constituída por professores de ensino especial, terapeutas da fala e intérpretes de língua gestual.
Existe a necessidade de reconhecimento do estatuto da língua gestual portuguesa como língua materna; introdução da língua gestual como elemento integrante dos currículos escolares e incentivo de aprendizagem da língua gestual por parte dos ouvintes. As metodologias utilizadas eram: a criança surda deveria aprender através da sua língua materna adquirindo como segunda língua a língua portuguesa (oral); a educação deveria ser realizada em ambientes que possibilitem um maior desenvolvimento tanto cognitivo como linguístico, emocional e social e que o acesso à informação seja feito de forma directa.

A Surdez

Afonso: Inês, vamos escrever. O que você quer comprar?
Inês: (não responde)
Afonso: Vamos escrever café?
Inês: (não responde)
Afonso: Ou você quer escrever arroz?
Inês: (não responde)
Afonso: O que você prefere,Inês? Hein, hein, Inês?



Para um melhor entendimento sobre o tema exposto, passamos a explicar o conceito de surdez. Deste modo, surdez pode ser definida segundo três pontos de vista: ponto de vista médico, educacional e cultural. Em termos médicos denomina-se por hipoacúsia, sendo categorizado em vários níveis, do ligeiro ao profundo. No ponto de vista educacional, surdez relaciona-se com a capacidade de a criança aprender a linguagem por via auditiva e ter um desempenho educacional. Por fim, em marcos culturais é descrita em termos de uma identidade cultural partilhada entre indivíduos surdos ou com perda auditiva. Sintetizando, surdez é uma deficiência auditiva que é tão grave que o individuo é deficiente no processamento de informação linguística através da audição.

Para detectar o grau de surdez, é necessário que seja feito um exame audiométrico, isto é, são feitos testes para avaliar a audição. São três as técnicas utilizadas: audiometria por resposta visual, audiometria por observação comportamental e audiometria pelo jogo. Nestes testes o audiólogo pede ao indivíduo para se movimentar enquanto ouvir um som e quando deixar de o ouvir parar. Estes sons são de diferentes intensidades e é através de um audiograma que o indivíduo saberá qual é o seu grau de perda auditiva.
A surdez pode-se classificar de grau: ligeiro ou leve, médio, severo, profundo e anacusia. A audição normal varia dos 0 aos 25 dB. A perda auditiva ligeira ou leve varia entre os 20 e os 40 dB. A perda auditiva média varia entre os 40 e os 70 dB. A perda auditiva severa varia entre os 70 e os 90 dB. E, a perda auditiva profunda é superior a 90 dB.

O Silêncio

O silêncio tornou-se um vácuo que o homem abomina. Já não é normal ou bom em si próprio; é apenas compreendido como simplesmente a ausência de ruído. Mas, antes de existir o ruído havia sons - sons distintos do ruído, porque os sons emergem do silêncio. O silêncio foi o pano de fundo dos sons. Por exemplo, os moradores da cidade acordam com o ruído constante dos carros e motorizadas, dos eléctricos, dos aviões etc. e tornam-se nervosos no campo porque os sons campestres - dos grilos, das aves e de outros animais - são produzidos contra um fundo de silêncio. No campo há também menos conversação porque, para interromper o silêncio, é preciso ter alguma coisa para dizer. E, hoje em dia, há tanta gente que fala mas que não têm nada para dizer .......

Silêncio no poema

No canto do meu coração,
Palavras,frases,vestidos de ilusões.
Vidas,lembranças,recordações
Segundos eternos,tempos modernos,separações momentâneas.

Solidão gélida e destruidora,
Arrastando-me pelas ruas,pelas avenidas da saudade,
Saudade das minhas raízes,das poucas horas felizes,
Das gotas de amor que colhi,no colo que pouco deitei.

Na casa do meu coração,
O que eu não ouvi de você,o que eu não pude dizer-te
Para não magoar,nem ferir
Entre uma lágrima e outra,um soluço,um sufoco,e os restos de mim.

Na arquibancada do meu coração,das emoções que gurdades tinha,
Sempre soube do espaço seu.
mesmo que as cortinas fechassem,mesmo que a noite caísse,
Seu,sempre foi seu.Seu sempre será,
O primeiro espaço,o primeiro lugar.

No tempo do meu coração,fui crescendo,amadurecendo,
mudei de cidade,aprendi com a vida,
Nas vozes da consciência,na possível voz do vento,
Ouvia sua voz a chamar-me.Na minha angústia,no meu silêncio,
imaginava sua boca,via o seu vulto na sua presença oculta.

Na casa do meu coração,mora uma tal solidão,
vivo sonhando em vão de um dia ouvir de você
uma voz de carinho,uma voz de afeição
uma voz para dizer que me amou um dia.


Escrito por Elza_Helena_de_Almeida